O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse, nesta segunda-feira (28), que renunciará ao cargo e que permanecerá no partido. A data, seis meses antes das eleições, é o prazo estabelecido pela legislação eleitoral para que um político deixe um posto no Executivo a fim de concorrer a outro cargo, além da reeleição. “Vou renunciar ao poder para não renunciar à política”, disse Leite em um vídeo apresentado antes do início da coletiva.
Com a renúncia de Leite, assume o comando do governo gaúcho o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, que acumula a função de secretário da Segurança Pública desde o início da gestão. Ranolfo é pré-candidato a governador pelo PSDB. Leite é o primeiro governador desde Pedro Simon (MDB), em 1990, renunciar ao cargo faltando meses para o final do mandato. Na ocasião, Simon afastou-se para concorrer ao Senado.
PSDB.
Eduardo Leite decidiu não aceitar o convite do presidente do PSD, Gilberto Kassab, para trocar de legenda. O tucano foi convidado pelo dirigente para concorrer ao Palácio do Planalto pela sigla, mas resolveu ceder aos apelos dos colegas do PSDB, que fizeram diversos apelos para evitar a troca de partido. A decisão foi comunicada neste domingo (27), por Leite a Kassab em uma conversa por telefone.
Mesmo assim, Kassab afirmou que o PSD ainda vai ter candidatura própria à Presidência e descarta apoiar outro partido no primeiro turno. Ele evitou mencionar nomes, mas nas últimas semanas o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (PSD) era citado por Kassab como alternativa presidencial junto com Leite. “Vamos iniciar agora a discussão, assim como foi com o Rodrigo Pacheco, com Eduardo Leite”, disse.
É a segunda recusa que Kassab recebe para um convite de concorrer ao Planalto. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), era a opção anterior, mas decidiu não concorrer ao cargo e focar no comando da Casa Legislativa. O governador do Rio Grande do Sul chegou a sinalizar que trocaria de partido. Mesmo os aliados que queriam evitar a saída reconheceram que Leite ficou seduzido pela proposta de Kassab.
A permanência do governador no PSDB foi articulada por caciques do partido, como o senador Tasso Jereissati (CE) e o deputado Aécio Neves (MG). Há duas semanas, diversos nomes expressivos do PSDB assinaram uma carta apelando para que o governador não fosse para o PSD. Os tucanos aliados do gaúcho alertaram para os sinais dúbios que Kassab tem emitido, como os vários acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a falta de unidade dos membros da legenda, onde uma parte apoia o PT e outra apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mesmo defendendo uma alternativa aos dois candidatos, o presidente do PSD já chegou a afirmar que apoiaria Lula caso o seu partido fique fora do segundo turno. Leite perdeu as prévias presidenciais tucanas para o governador de São Paulo, João Doria, em novembro do ano passado, mas aliados do gaúcho ainda tentam fazer com que ele seja a opção do partido para concorrer a presidente. Mesmo com a prévia, o candidato presidencial tucano só será oficializado durante a convenção do partido, que vai acontecer entre julho e agosto.
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