Uma etapa emblemática da cerimônia de posse do novo governo segue indefinida: o desfile de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A equipe de segurança do presidente eleito defende que ele não trafegue em carro aberto, mas o entorno mais próximo de Lula diz que o petista resiste à ideia de percorrer o trajeto em carro blindado no domingo (1º).
Lula estaria disposto a manter a tradição de desfilar em carro aberto, mas, para policiais da equipe de segurança, a bomba encontrada perto do aeroporto de Brasília no último sábado (24) influencia esse planejamento, que é dinâmico e se molda conforme o cenário. A avaliação é de que com o cenário atual, Lula deve utilizar o carro blindado.
Caberá ao presidente eleito decidir. Policiais preparam análises técnicas para apresentar as duas possibilidades a Lula: os riscos de fazer o trajeto com carro aberto e a possibilidade de o percurso ser feito em carro blindado. Se for feito com carro aberto, o trajeto na Esplanada iniciará na Catedral de Brasília e irá até o Congresso, de onde seguirá até o Palácio do Planalto. Policiais federais que trabalham na proteção do presidente eleito já tinham identificado o risco antes do episódio da bomba perto do aeroporto de Brasília e incluíam esse tipo de ameaça no planejamento.
Outra dúvida quanto ao trajeto de Lula é de que, se ele optar por fazê-lo em carro aberto, o Rolls Royce presidencial será usado ou não. Em coletiva de imprensa no começo de dezembro, a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, afirmou que o veículo estaria com o banco danificado, o que, segundo ela, teria ocorrido na posse de Jair Bolsonaro (PL) em 2018.
Será necessário, portanto, verificar as condições do carro para ver se haverá condições de Lula utilizá-lo para desfile em carro aberto. A Polícia Federal (PF) também fará uma inspeção no veículo. O objetivo dos agentes é oferecer todas as possibilidades para que Lula decida.
O entorno de Lula acredita que, mesmo com a recomendação da PF, ele não aceitará desfilar em carro blindado pelo perfil popular da festa e pelo desejo do próprio presidente eleito de percorrer o trajeto próximo às pessoas que estarão na Esplanada. Essa avaliação, porém, não é unânime. Petistas mais pragmáticos entendem que Lula deveria atender à recomendação da PF pelo atual cenário.
Quem defende o desfile em carro aberto argumenta que esse modelo faz parte da tradição das posses e que é preciso confiar na organização das polícias e nos monitoramentos de inteligência. O entendimento é de que as ações terroristas são amadoras e que o esquema de segurança que vem sendo preparado será profissional, reforçado, com atiradores de elite e agentes infiltrados entre o público. Petistas também estão empenhados a não deixar que o clima de medo desmobilize a militância. São esperadas 300 mil pessoas na posse de Lula.
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