O governo da Rússia autorizou o tratamento de pacientes com Covid-19 com a hidroxicloroquina – derivada do remédio contra a malária cloroquina, cuja eficácia é alvo de debate mundial –, fortemente defendidade pelo presidente Jair Bolsonaro. Em um decreto publicado na quinta-feira à noite, as autoridades deram instruções às organizações médicas nesse sentido, acrescentando que a China entregou mais de 68 mil caixas deste medicamento ao país.
O texto foi publicado depois de um telefonema ontem entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping. A pandemia de coronavírus Covid-19 afetou quase o mundo inteiro. Segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) , quase dois milhões de pessoas foram infectadas, 131 mil pacientes morreram. Mais de 32 mil pacientes já foram identificados na Rússia, 273 pessoas morreram, mais de dois mil e quinhentos se recuperaram.
A hidroxicloroquina será distribuída nos hospitais que tratam os pacientes que deram positivo para o novo coronavírus, ou sob suspeita de contaminação. A agência russa de controle dos serviços médicos deverá monitorar o quadro para garantir a segurança e a eficácia do remédio. Assim como a cloroquina, derivada da quinina, é há várias décadas prescrita para tratar a malária.
O embaixador da Rússia na Índia, Nikolai Kuvashev, disse a repórteres na sexta-feira que a Índia forneceria à Rússia medicamentos para o tratamento de pacientes com coronavírus. Segundo ele, a remessa incluirá particularmente paracetamol e hidroxicloroquina. O embaixador acrescentou que os medicamentos devem ser entregues na Rússia no final de abril ou no início de maio.
Polêmicas com o remédio:
Embora sejam conhecidas por suas propriedades antivirais, ambas têm graves efeitos colaterais – em especial, se forem ministradas em altas doses, ou junto com outros medicamentos. Alguns médicos e governantes defendem o amplo uso deste fármaco na conjuntura atual, classificado de "presente dos céus" pelo presidente americano, Donald Trump. Uma grande parte da comunidade científica e das organizações de saúde pedem, porém, que se espere uma validação científica rigorosa, alertando para os riscos para os pacientes.
Embora estudos preliminares na França e na China apontem resultados promissores, a eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina "ainda está por ser demonstrada", segundo a Agência Europeia de Medicamentos (EMA). No início de abril, a EMA pediu que se usasse a substância apenas em testes clínicos, ou "programas de emergência".
Outros medicamentos:
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